As notícias que as pessoas não aguentam mais ler

Tem a da sopa. A dos carboidratos. A da lua. A do abdômen. Enfim, dieta é o que não falta. O que nos leva à pergunta: se alguma delas realmente funcionasse, por que surgiria uma nova a cada
dia? Todos sabem que para emagrecer, só mesmo aliando exercícios a uma alimentação equilibrada - todos, menos os “descobridores” das dietas milagrosas, que ainda não se tocaram que o tema já se esgotou.

Nos últimos 25 anos, o Iraque vem enfrentando uma guerra atrás da outra. E os confrontos têm sido tão intensos que parecem fazer parte de um único, imenso e longo conflito. O motivo muitos já nem sabem mais qual é. Resultado: o terrorismo mergulhou o país em um mar de sangue, e não se passa um único dia sem que um novo atentado deixe dezenas de mortos. O caos parece não ter fim, e as pessoas já perderam a paciência com o assunto.

Foi-se o tempo em que reality show era um programa diferente, que instigava a curiosidade. Hoje, qualquer argumento serve como desculpa para tentar convencer as pessoas a bisbilhotar a vida alheia – desde a organização da festa de 16 anos de patricinhas americanas ao confinamento de 14 jovens em um acampamento numa praia do Rio. Não é à toa que ninguém aguenta mais tantas novidades de gosto duvidoso.

O Norte ameaça, o Sul responde. Tem sido assim desde o início do conflito entre as duas Coreias - de 1950 a 1953. Enquanto o Sul aplica sanções à vizinha, esta insiste em investir em seu programa nuclear e sobrevive ao total isolamento econômico e cultural - às custas da miséria da população. A cada novo episódio envolvendo os arroubos militares do ditador norte-coreano Kim Jong-ll, o mundo suspira, cansado, e se pergunta: De novo?

Eles são ricos, bonitos e bem-sucedidos, mas não são lá muito cuidadosos quando o assunto é esconder as puladas de cerca. Justamente por isso, vira-e-mexe algum famoso protagoniza um escândalo de infidelidade – que o digam Brad Pitt, Jude Law, Tiger Woods, Ronaldo, Paula Burlamaqui, Luana Piovani e tantos outros que são fonte certa (e repetitiva) de notícia para tabloides internacionais e revistas de fofocas brasileiras.

As consequências do programa nuclear iraniano têm potencial calamitoso. E o presidente Mahmoud Ahmadinejad se aproveita disso para anunciar aos quatro ventos que o país “já é uma potência nuclear”, aumentando ainda mais o temor em todo o mundo. A cada provocação de Ahmadinejad, o ocidente ameaça Teerã com novas sanções. Mas nada que seja capaz de intimidá-lo. E toda notícia sobre isso reascende o medo de um ataque preventivo de Israel ao Irã - e faz bocejar quem lê ou ouve a respeito.

Diante da crise energética na Venezuela, Chávez já inventou o “banho socialista” de três minutos e estendeu o feriado de Páscoa aos cinco dias da semana – isso tudo, apesar de confiar no “Deus bolivariano” para resolver o problema. Mas estes são apenas os capítulos mais recentes da novela de loucuras do coronel, que parece não ter fim. Em mais de 10 anos no poder, já mudou até o fuso-horário do país. À medida que Chávez dá um novo passo rumo à destruição da democracia na Venezuela, um outro segue rumo à destruição da paciência dos que se deparam com suas pérolas no noticiário.

As sementes dessa discórdia foram plantadas na Antiguidade, e o conflito se agravou com a criação do moderno estado de Israel, em 1947. A história de confrontos é longa, e ainda não se percebe um único sinal de solução para eles. Só o que se vê – repetidamente – são episódios de violência, intolerância e revanchismo. Os processos de paz são iniciados, de tempos em tempos, mas uma das partes sempre acaba dando um passo atrás. As notícias sobre o tema não mudam: bombardeios, atentados, Faixa de Gaza, Hamas, Fatah…

Se não é Lindsay Lohan, é Britney Spears. Ou então, Amy Winehouse. Ou ainda, Charlie Sheen. Fato é que, semana sim outra também surgem notícias sobre celebridades que se internam em clínicas de reabilitação para recuperar a imagem abalada por algum vexame - seja ele provocado por bebidas, drogas ou até sexo em excesso. O pior é que elas não se emendam. Pouco tempo depois de sair do tratamento, voltam à rotina de vícios e a render mais uma cansativa nota na imprensa.

Maior do que a criatividade de alguns políticos brasileiros - que escondem dinheiro de propina em armários, valises, meias e até na cueca - só mesmo a certeza de que vão se safar, caso sejam descobertos os esquemas de corrupção de que fazem parte. Depois de ver livres mensaleiros, aloprados, presidentes do Senado cujas contas são pagas por lobistas ou que desviam verba pública para empresas da família, os brasileiros já não suportam ouvir que mais um corrupto escapou do castigo. Os envolvidos nos principais escândalos seguem livres, leves e soltos, enquanto a população se pergunta: até quando a corrupção vai envergonhar o país? Até o dia em que um corrupto estrelado pagar por seus crimes. Essa será uma notícia que nenhum brasileiro vai se cansar de ler.