Melhores bordões de filmes e séries

"Pai, você esqueceu o vovô no posto de gasolina!"
Invariavelmente frente a alguma bobagem que acabou de fazer, Homer Simpson responde com um "do'h". O bordão tornou-se uma das marcas registradas do patriarca da série de animação "Os Simpsons", afinal sua frequência é proporcional à quantidade de besteiras que ele comete a cada episódio. O sucesso da expressão é tal que entre os norte-americanos popularizou-se usar o bordão na vida real quando alguém percebe que acabou de fazer algo estúpido.



O "do'h" do Homer é um entre dezenas de bordões que surgiram na TV e no cinema ao longo das últimas décadas e tornaram-se bastante populares. Filmes como "Guerra nas Estrelas", sitcoms como "Seinfeld" e séries de animação como "South Park" são algumas das fontes de expressões que ficaram imortalizadas pelos seus significados e pela identificação que carregam em relação a personagens e situações. Conheça quais são dez dos mais famosos bordões que surgiram no cinema e na TV.

O mais divertido homem das cavernas que já apareceu na TV não esconde seu contentamento quando a sirene da pedreira em que trabalha anuncia o fim do expediente. O "yabba-dabba do" solto por Fred Flinstone, enquanto desce do dinossauro-guindaste que opera, consagrou-se como um dos primeiros bordões dos desenhos animados. Sem um significado preciso, ele é empregado por Fred como expressão de sua alegria. Com seis temporadas originais entre 1960 e 1966, "Os Flinstones" tornou-se uma das melhores séries de animação da TV e a primeira a fazer sucesso em horário nobre. Sua popularidade estendeu-se pelas décadas seguintes com as reprises das temporadas em vários países e o bordão "yabba-dabba do" ganhou o mundo. Em alguns lugares, a expressão virou gíria para classificar os empregados que saem do trabalho no exato momento em que acaba o expediente, sem ficar um minuto a mais.

Na série e nos filmes "Arquivo X", a obsessão do agente do FBI Fox Mulder com teorias conspiratórias, fenômenos paranormais e extraterrestres gerou vários lemas desconfiados, como "eu quero acreditar" ou "não confie em ninguém", que se tornaram pérolas da cultura pop. Mas, de todos eles, o mais emblemático da atmosfera paranóica e misteriosa da série é "a verdade está lá fora". Esse lema é o que move Mulder a tentar desvendar o que ele acredita ser uma conspiração envolvendo governos, homens de negócio, militares e alienígenas para esconder dele - e de nós, é claro - evidências da presença de fenômenos sobrenaturais e de seres vindos de outros planetas. "A verdade está lá fora" é uma expressão rica em sentidos, com várias possibilidades de interpretação sobre o que é "a verdade" e principalmente sobre onde é o "lá fora". Seria um lugar físico, como o espaço sideral? Seria um modo de interpretar o mundo que está além da nossa racionalidade? Por expressar a alma de "Arquivo X", "a verdade está lá fora" tornou-se um dos lemas prediletos dos fãs de teorias da conspiração, histórias de discos voadores e outros acontecimentos pra lá de sobrenaturais.

Ele vive sendo assassinado. Nas primeiras cinco temporadas de "South Park" (1997-2001), Kenny McCormick, um garotinho de oito anos e um dos principais personagens da série de animação, foi morto em quase todos os episódios. Após cada vez que era assassinado, seus amiguinhos Stan e Kylle soltavam o bordão: "Oh! Meus Deus! Eles mataram o Kenny!". Como no episódio seguinte Kenny aparecia sempre vivo até ser morto novamente, o bordão passou a ser repetido quase que semanalmente e caiu no gosto dos fãs. Apesar de nas temporadas seguintes não morrer a cada episódio, Kenny continuou de tempos em tempos a ser assassinado de alguma forma estúpida ou bizarra. "South Park" mostra o cotidiano sui generis de quatro garotos do ensino fundamental – Eric Cartman, Stan Marsh, Kenny McCormick e Kyle Broflovski – numa pequena cidade nos Estados Unidos. O bordão consagrado na série é uma amostra do humor inteligente, recheado de críticas sociais ferinas, violência, palavrões e mau comportamento que fez de "South Park" um dos melhores desenhos animados da TV.

A saga do super-herói mais forte do mundo criou várias expressões que se tornaram populares. "É um pássaro? É um avião? Não, é o Super-Homem" é, por exemplo, uma das frases mais frequentes nos quadrinhos, nas séries e nos filmes do homem de aço. Mas o melhor bordão de todos é "para o alto e avante" que sai da boca do próprio Super-Homem antes dele alçar voo. Único sobrevivente do planeta Krypton, ele é um dos maiores mitos da cultura popular, chegando a ser igualado aos principais personagens da mitologia grega. Criado nos anos 30, por Jerry Siegel e Joe Shuster, na época da Grande Depressão, os poderes e as aventuras do Super-Homem eram uma forma do homem comum imaginar-se superando seus limites e fracassos e escapando de sua miséria. "Para o alto e avante" é o melhor lema para representar isso.

Nos anos 50, Edward Murrow era um dos mais respeitados jornalistas dos Estados Unidos. Reputação construída graças a sua coragem, integridade e determinação em fazer um jornalismo sério e sem concessões. Entre 1952 e 1958, ele comandou na rede de televisão CBS o programa "See It Now". A trajetória de Murrow à frente da série de programas que levaram a desmascarar os métodos persecutórios do macarthismo e ajudaram a encerrar um dos períodos mais tristes da democracia norte-americana foram retratados no filme "Boa Noite e Boa Sorte" (direção de George Clooney, 2005). Ao fim do programa Murrow soltava o bordão "boa noite e boa sorte" que tornou-se uma de suas marcas registradas. Como âncora, ele também criou outro bordão. Nos programas jornalísticos que comandava a partir de Londres, Murrow abria a transmissão com a expressão: "Isto... é Londres". O bordão foi copiado por vários programas e emissoras, da CNN ("This is CNN") até o American Idol ("This is American Idol").

Em seu primeiro encontro com Hortelino Troca Letras, Pernalonga soltou o que seria um dos bordões mais conhecidos da televisão: "what's up, doc?", que foi dublado para o português como "o que é que há, velhinho?". Desde então, a expressão falada geralmente enquanto Pernalonga mastiga uma cenoura tornou-se a mais representativa do jeito sarcástico e debochado do coelho mais malandro da animação. Pernalonga tem sido um dos mais carismáticos e caçados personagens dos desenhos animados, o que fez dele também uma das estrelas dos estúdios Warner Bros nos anos 50. Uma das versões cinematográficas de seus desenhos - “Knighty-Knight Bugs”, com direção de Friz Freleng - venceu o Oscar da categoria em 1958.

Uma das mais famosas expressões que surgiram na televisão vem de um ser meio vulcaniano meio terráqueo de orelhas e sombrancelhas pontudas que, com os dedos da mão afastados em pares, saúda os outros dizendo "vida longa e próspera". O ser em questão é o personagem Spock, oficial de ciências da nave Enterprise, na série "Jornada nas Estrelas". O sucesso do cumprimento inventado para simbolizar o máximo de emoção que um vulcaniano consegue ter levou a várias teorias sobre a sua origem. Como a série surgiu nos anos 60, alguns acharam que o bordão e o gesto eram uma referência ao cumprimento e lema hippie do "paz e amor". Outros, no entanto, acreditam que ele tem suas raízes em saudações das culturas árabes e judaicas, principalmente nos rituais religiosos do judaísmo, interpretação reforçada pelo fato do ator Leonard Nimoy, que interpretava o Spock original, ser um judeu praticante. Independente da origem o fato é que se você encontrar um "trekker" por aí (ou mesmo um vulcaniano) e ele te desejar "vida longa e próspera", seja educado e com o mesmo gesto responda "paz e vida longa".

O tradicional "blá blá blá" nunca mais foi o mesmo depois de "Seinfeld". A melhor sitcom de todos os tempos deixou entre seus legados vários bordões para a cultura pop, como "nada de sopa para você" ou "não que haja nada de errado com isso" (este uma sátira à patrulha ideológica do politicamente correto). Mas "yada yada yada" é um hit. Num dos mais famosos episódios de "Seinfeld", o bordão que deveria ser usado para tornar as explicações mais sucintas nas partes em que um dos interlocutores considerasse sem importância, assim como o tradicional "blá blá blá", foi obviamente deturpado. A começar da nova namorada do neurótico George Costanza até a esperta Elaine Benes todos empregaram o "yada yada yada" justamente na parte mais importante, interessante ou constrangedora da conversa, gerando hilárias dúvidas e confusões. O bordão popularizado a partir de "Seinfeld" foi criado por Lenny Bruce, um dos melhores comediantes norte-americanos, cerca de três décadas antes.

Para enfrentar Darth Vader, o Lorde Negro dos Siths, e todo o Império do Mal, os cavaleiros Jedis tinham mesmo que ter toda a força ao lado deles. A saga de "Guerra nas Estrelas" criou uma mitologia própria que imortalizou personagens, lutas com sabres de luz e, claro, lemas e aforismos. Um dos mais poderosos signos de "Guerra nas Estrelas" é a expressão "que a força esteja com você", dita, por exemplo, por Han Solo para Luke Skywalker antes deste iniciar seu ataque contra a Estrela da Morte e salvar a galáxia. A "força" é uma entidade metafísica, uma energia que une todos os seres vivos no universo, que tem dois lados, o negro, usado pelos lordes Siths, e o lado da luz, explorado pelos cavaleiros Jedis. A frase que aparece no episódio quatro, mas que na verdade foi o primeiro a ser produzido e lançado em 1977, ficou consagrada como um lema dos Jedis nos outros cinco episódios da saga.

ual expressão um nerd usa para tirar sarro de alguém que acabou de cair em uma de suas piadas ou pegadinhas? Desde que a sitcom "The Big Bang Theory" tornou-se um sucesso esse bordão é "bazinga!". A expressão que pode significar "te peguei" é uma das marcas registradas de Sheldon Cooper, o precoce gênio da ciência que com seus Ph. D. em física é brilhante para o raciocínio lógico mas um fracasso em relacionamentos sociais e em senso de humor. Aliás, é justamente por ser um contraste em seu comportamento tão racional e cheio de manias que faz o seu "bazinga!" um bordão surpreendentemente engraçado. Desde o final da segunda temporada (2008/2009) quando Sheldon o soltou pela primeira vez o bordão tornou-se um dos mais populares e divertidos da história da TV. Bazinga!