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Mensagem por Vânia Seg 16 Ago 2010 - 17:12

Maurício Savarese
Do UOL Eleições
Em São Paulo


Desde a reabertura democrática, em 1985, o Brasil passou por cinco campanhas eleitorais nacionais no rádio e na televisão. Na véspera de o sexto ciclo se iniciar, o UOL Eleições escolheu dez vídeos disponíveis na internet que marcaram época ou lançaram tendências nas corridas presidenciais desde então.

Candidato que mais eleições disputou e que ficará fora da votação pela primeira vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem três vídeos selecionados. O presidenciável tucano José Serra também está na lista, com uma inserção datada de 2002 na qual utilizou a atriz Regina Duarte.

Dois ex-presidentes, Fernando Collor, hoje senador pelo PTB, e Fernando Henrique Cardoso, também figuram na lista – ordenada cronologicamente. Uma candidatura abortada durante as eleições de 1989, propagandas de dois nanicos e a utilização de debates televisivos nos programas gratuitos completam o grupo.

Meu nome é Enéas. Quinze segundos era tudo de que Enéas Carneiro (PRONA) dispunha no horário eleitoral de 1989. Ainda assim, conquistou 361 mil votos. Além do voto de protesto, o candidato atraiu também os fãs de sua oratória veloz e concisa, notoriamente conservadora. Voltou a se candidatar outras vezes, uma delas até sem a barba característica, por conta de um câncer. Mas manteve o bordão até a morte e fez da frase um mote para todos os outros membros de seu pequeno partido.

Silvio Santos presidente. Um terremoto atingiu a eleição de 1989 quando o apresentador Silvio Santos, supostamente incentivado pelo presidente José Sarney, anunciou sua candidatura, com a campanha já em curso. Por isso mesmo, nem sequer seu nome estaria na cédula eleitoral. Favorito, Collor viu sua base de apoio se abalar. Os esquerdistas Lula e Leonel Brizola se viram fora de um eventual segundo turno. Apesar disso, Silvio foi forçado a desistir, depois de problemas com registros do partido pelo qual queria ser candidato e investigações da imprensa sobre seus negócios.

Debate Maluf x Brizola. Nas primeiras eleições para presidente da República, os candidatos podiam exibir trechos editados dos debates durante o horário eleitoral gratuito. Seria tudo muito normal se as imagens não fossem editadas. E ganhassem um narrador. E depoimentos de eleitores favoráveis ao candidato que exibe as imagens. A famosa discussão entre Paulo Maluf e Leonel Brizola na TV Bandeirantes ganhou cores peculiares no programa malufista. Por estreita margem, Brizola acabou fora do segundo turno.

Collor ataca Sarney. Quando iniciou a disputa pelo Palácio do Planalto, Fernando Collor era apenas um bem avaliado governador de Alagoas que tinha suporte de uma rica família local. Acabou eleito em uma campanha que aliou pesquisas quase diárias sobre a postura necessária para o candidato, truques de marquetagem e, como mostra este vídeo, ataques pesados contra o presidente Sarney, hoje seu aliado. Em nenhuma campanha desde então um candidato a presidente atacou um ocupante do Palácio do Planalto de forma tão veemente como Collor fez em 1989. No fim do vídeo, ele ataca Silvio Santos, que supostamente apresentou candidatura incentivado por Sarney.

Lula lá. É o jingle mais conhecido das eleições brasileiras. Foi usado pela primeira vez no segundo turno das corrida pelo Palácio do Planalto em 1989, quando o atual presidente foi derrotado por Fernando Collor de Mello. É a primeira produção que aposta no apelo de artistas para endossar o presidenciável – Collor também os usou, mas em número bastante menor. Em 2002, a campanha petista repaginou o jingle e o utilizou novamente no segundo turno, quando venceu Serra.

Levanta a mão. Cerca de um ano antes das eleições de 1994, o PSDB cogitava formar uma aliança com o PT para eleger Lula presidente e Tasso Jereissati vice. Ocupante do Palácio do Planalto após a renúncia de Collor, Itamar Franco não tinha candidato para sucedê-lo. Até que surgiu o Plano Real e um dos seus artífices, o ministro Fernando Henrique Cardoso, despontou como candidato da continuidade. O tom positivo da campanha, desde o início, contrasta com os protestos de conservadores e progressistas na votação de 1989. A inspiração também veio dos Estados Unidos, onde Bill Clinton foi eleito em 1992 abusando de comerciais nos quais aparecia trabalhando no escritório.

Regina Duarte tem medo. O espírito do tempo indicava muito antes da votação de outubro de 2002 que Luiz Inácio Lula da Silva seria o provável presidente do Brasil a partir de 2003. Com a ampla vantagem do petista no primeiro turno e a vitória se insinuando por ampla margem no segundo, a campanha do tucano José Serra usou um expediente que se voltou contra ela própria: mostrou a atriz global Regina Duarte associando Lula à situação da Argentina, que vivia cercada de panelaços no apagar das luzes do governo Fernando de la Rúa. “Eu tenho medo”, disse Regina. Dias depois, o PT lançou a campanha “A Esperança vai Vencer o Medo”. Outra atriz, Paloma Duarte, gravou uma resposta em defesa do petista, que acabou vitorioso.

Agora é Lula. Por pouco a vitória não saiu no primeiro turno. Para atrair o que chamou de “eleitor quase Lula”, o marqueteiro Duda Mendonça criou essa peça. Usou o mote da campanha – indicando que depois de três fracassos a vez do petista tinha chegado. Mas também incluiu os ex-rivais Ciro Gomes e Anthony Garotinho, para indicar o isolamento político de Serra. É uma das referências de propaganda para o novo PT, por ser despida de críticas à situação do país e se esforçar para gerar apenas sentimentos positivos nos eleitores.

Ey, Ey, Eymael. Se não tem a notoriedade de “Lula lá”, o jingle de José Maria Eymael (PSDC) ao menos é mais antigo: foi usado pela primeira vez nas eleições paulistanas de 1985, quando o democrata cristão tinha Gilberto Kassab como vice. Usou a música para candidaturas a deputado federal e, finalmente, para a Presidência da República, na morna disputa de 1998. Voltou a se candidatar em 2006, de quando o vídeo foi retirado, e repetiu a música como seu carro chefe. Para estas eleições, ele promete mais do mesmo: a canção mais grudenta da história eleitoral brasileira com pouquíssimas mudanças.

Privatizações tucanas. Não tinha sido um assunto na campanha presidencial de 2006 durante o primeiro turno. Mas quando o tucano Geraldo Alckmin surpreendeu e forçou uma segunda votação, a campanha reeleitoral de Lula explorou a percepção popular de que as privatizações de empresas públicas fizeram mal ao país. Depois de essa peça ser exibida na propaganda eleitoral, Alckmin usou um macacão repleto de emblemas de estatais para rejeitar a hipótese de que privatizaria se fosse eleito. Mas o estrago à sua candidatura já estava feito.

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Vânia
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