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A Polêmica entre Maitê Proença e Lygia Fagundes Telles
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A Polêmica entre Maitê Proença e Lygia Fagundes Telles
* 02/07
Lygia Fagundes Telles se irrita com Maitê Proença, diz jornal
Minha Notícia
*07/07/2009
Maitê Proença comenta polêmica com sua peça 'As meninas' e livro de Lygia Fagundes Telles
'Fica brava, não, Lygia'.
por Maitê Proença
Lygia Fagundes Telles ficou muito brava comigo. Brava ao ponto de me chamar de ladra e afirmar que gostaria de subir ao palco de minha estreia teatral esta semana para fazer a acusação. Parece que desistiu, a noite correu suave, pungente, magnífica! Sobressaltos, só os incontáveis que emanavam do palco para o deleite da plateia.
Há cinco anos escrevi, junto com meu parceiro Luiz Carlos Góes, um esquete para uma primeira peça de minha autoria, a que demos o nome de "As meninas". A peça correu o Brasil, a Alemanha, Portugal. Foi um sucesso cujo ápice era a história de duas meninas falando sobre assuntos adultos no velório da mãe de uma delas. Crianças falam o que deve ser calado, e num contexto solene de tristeza, os diálogos resultavam cômicos:
- Queria que minha mãe morresse só um pouquinho pra eu ficar estranha assim como você.
- Posso dizer uma coisa, tia Consuelo? Eu pensei que morto ficasse abatido, mas você está quase bonita.
- Nós nascemos das barrigas de nossas mães, mas nossos irmãos vieram trazidos pela cegonha. Umas cegonhas pretas.
- Mamãe está tão séria!
- Também rir do quê? Ela está morta, Rubi. Morto não ri, fica assim, sonhando...
Peça 'As meninas', de Maitê Proença/ Foto Divulgação - Sandra Delgado
Resolvi então escrever uma peça inteira com um velório como os que vejo por aí, com os parentes pranteando o morto, e os amigos rindo pelos cantos, lembrando tudo que não deveriam, relaxando escondido para conseguirem, depois, voltar a sofrer.
Quis um velório em festa, e colocamos quatro gerações de mulheres, inclusive as mortas, todas se utilizando do mesmo caixão para voltar a viver um pouco. Ali não há limites entre a vida e a morte, quem deveria calar fala, e fala muito de tudo o que não poderia ser dito. As belas se autoelogiam sem modéstia, e as outras todas também, sem pudor. Não há pudores nesse velório. A história é triste mas é para rir. E, sim, há um homem em cena, que não se vê, mas que está mais presente do que todos os personagens.
Nada a ter, portanto, com o romance de Lygia Fagundes Telles chamado "As meninas". E tampouco com um romance anterior ao dela, o de Louise May Alcott, também denominado "As meninas" ("Little women"), ou com o célebre "As meninas" de Velázquez, ou, ainda, com os 67 desdobramentos cubistas elaborados por Pablo Picasso, lindamente expostos no Museu Picasso de Barcelona.
Será que Alcott, Velázquez e Picasso estão muito bravos com Lygia por lhes ter surrupiado o nome e usado em seu romance? Ou será que compreendem que este é de domínio público como seriam "O coqueiro", "A casa", "As crianças", lindos títulos para quem quiser usar?
Contra minha vontade, mas por não querer aborrecer Lygia, pelo respeito e amor que tenho por ela, tentei alterar o nome de minha peça. Enviei-lhe, por intermédio de nossa agente literária comum, os e-mails trocados para essa finalidade, com o MinC e com a empresa estatal que financia minhas "Meninas". Por ali ela pode constatar que tentei a alteração de todas as formas, e exaustivamente, só para lhe agradar. Não foi possível. No Brasil, o que parece simples pode ser muito complicado, e será, sempre que houver burocracia envolvida.
O que deveria ser bem mais simples é o entendimento entre pessoas de boa vontade que só desejam seguir com sua arte e oferecê-la ao público, este que está aí para acolher a todos os talentos.
Fica brava, não, Lygia. Te adoro!
MAITÊ PROENÇA é atriz e escritora, co-autora da peça "As meninas"
O GLOBO
Lygia Fagundes Telles se irrita com Maitê Proença, diz jornal
Segundo o jornal "Folha de S.Paulo", a escritora Lygia Fagundes Telles deve processar Maitê Proença.
A atriz teria usado o nome de um de seus livros, "As Meninas", para uma peça teatral, que diga-se de passagem, estreia sexta-feira (3), no Rio de Janeiro.
De acordo com o jornal, Maitê havia dito que o nome seria alterado, mas voltou atrás. À colunista da "Folha" Monica Bergamo, Lygia disse que "isso é uma safadeza", já que seu livro será adaptado para uma outra peça, de Maria Adelaide Amaral.
A autora ainda disse que sua vontade é ir à estreia da peça, subir ao palco e chamar a atriz de ladra.
O jornal disse que até o começo desta última quarta-feira (1), Maitê Proença não havia respondido às declarações de Lygia Fagundes Telles.
A atriz teria usado o nome de um de seus livros, "As Meninas", para uma peça teatral, que diga-se de passagem, estreia sexta-feira (3), no Rio de Janeiro.
De acordo com o jornal, Maitê havia dito que o nome seria alterado, mas voltou atrás. À colunista da "Folha" Monica Bergamo, Lygia disse que "isso é uma safadeza", já que seu livro será adaptado para uma outra peça, de Maria Adelaide Amaral.
A autora ainda disse que sua vontade é ir à estreia da peça, subir ao palco e chamar a atriz de ladra.
O jornal disse que até o começo desta última quarta-feira (1), Maitê Proença não havia respondido às declarações de Lygia Fagundes Telles.
Minha Notícia
*07/07/2009
Maitê Proença comenta polêmica com sua peça 'As meninas' e livro de Lygia Fagundes Telles
'Fica brava, não, Lygia'.
por Maitê Proença
Lygia Fagundes Telles ficou muito brava comigo. Brava ao ponto de me chamar de ladra e afirmar que gostaria de subir ao palco de minha estreia teatral esta semana para fazer a acusação. Parece que desistiu, a noite correu suave, pungente, magnífica! Sobressaltos, só os incontáveis que emanavam do palco para o deleite da plateia.
Há cinco anos escrevi, junto com meu parceiro Luiz Carlos Góes, um esquete para uma primeira peça de minha autoria, a que demos o nome de "As meninas". A peça correu o Brasil, a Alemanha, Portugal. Foi um sucesso cujo ápice era a história de duas meninas falando sobre assuntos adultos no velório da mãe de uma delas. Crianças falam o que deve ser calado, e num contexto solene de tristeza, os diálogos resultavam cômicos:
- Queria que minha mãe morresse só um pouquinho pra eu ficar estranha assim como você.
- Posso dizer uma coisa, tia Consuelo? Eu pensei que morto ficasse abatido, mas você está quase bonita.
- Nós nascemos das barrigas de nossas mães, mas nossos irmãos vieram trazidos pela cegonha. Umas cegonhas pretas.
- Mamãe está tão séria!
- Também rir do quê? Ela está morta, Rubi. Morto não ri, fica assim, sonhando...
Peça 'As meninas', de Maitê Proença/ Foto Divulgação - Sandra Delgado
Resolvi então escrever uma peça inteira com um velório como os que vejo por aí, com os parentes pranteando o morto, e os amigos rindo pelos cantos, lembrando tudo que não deveriam, relaxando escondido para conseguirem, depois, voltar a sofrer.
Quis um velório em festa, e colocamos quatro gerações de mulheres, inclusive as mortas, todas se utilizando do mesmo caixão para voltar a viver um pouco. Ali não há limites entre a vida e a morte, quem deveria calar fala, e fala muito de tudo o que não poderia ser dito. As belas se autoelogiam sem modéstia, e as outras todas também, sem pudor. Não há pudores nesse velório. A história é triste mas é para rir. E, sim, há um homem em cena, que não se vê, mas que está mais presente do que todos os personagens.
Nada a ter, portanto, com o romance de Lygia Fagundes Telles chamado "As meninas". E tampouco com um romance anterior ao dela, o de Louise May Alcott, também denominado "As meninas" ("Little women"), ou com o célebre "As meninas" de Velázquez, ou, ainda, com os 67 desdobramentos cubistas elaborados por Pablo Picasso, lindamente expostos no Museu Picasso de Barcelona.
Será que Alcott, Velázquez e Picasso estão muito bravos com Lygia por lhes ter surrupiado o nome e usado em seu romance? Ou será que compreendem que este é de domínio público como seriam "O coqueiro", "A casa", "As crianças", lindos títulos para quem quiser usar?
Contra minha vontade, mas por não querer aborrecer Lygia, pelo respeito e amor que tenho por ela, tentei alterar o nome de minha peça. Enviei-lhe, por intermédio de nossa agente literária comum, os e-mails trocados para essa finalidade, com o MinC e com a empresa estatal que financia minhas "Meninas". Por ali ela pode constatar que tentei a alteração de todas as formas, e exaustivamente, só para lhe agradar. Não foi possível. No Brasil, o que parece simples pode ser muito complicado, e será, sempre que houver burocracia envolvida.
O que deveria ser bem mais simples é o entendimento entre pessoas de boa vontade que só desejam seguir com sua arte e oferecê-la ao público, este que está aí para acolher a todos os talentos.
Fica brava, não, Lygia. Te adoro!
MAITÊ PROENÇA é atriz e escritora, co-autora da peça "As meninas"
O GLOBO
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